SERGIO CABRAL

SERGIO CABRAL

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Monteiro lobato, Cassandra Rios, Joseph Conrad

“Willian Saroyan abriu minha percepção para a modernidade”

Caetano Veloso (compositor, escritor, cineasta...)

Lembro-me das palavras enquanto eu aprendia a ler, quanto à leitura de livros, isso veio mais tarde, lá pelos 12, 13 anos.
Minha mãe lia bastante, meu pai veio de um meio letrado, seus amigos, quando nos visitavam, mantinham conversas inteligentes...lembro-me de recitarem poemas, mas depois meu pai deixou de ser um leitor, não se preocupou em manter uma biblioteca própria, eu me lembro que tinha este desejo: ter uma biblioteca própria, com aquelas estantes repletas de livros. Santo Amaro não tinha livraria, isso é uma coisa das cidades brasileiras... lá tinha uma biblioteca pública, de onde eu pegava alguns livros, “Don Quixote” foi um deles, com aquelas ilustrações. Me lembro de aos 12, 13 anos ter lido Monteiro Lobato, e gostava muito, achava engraçado, “Chave do Tamanho” me chamou muito a atenção, lá tinha um pouco da história do mundo, Hitler, coisas de guerra, enfim...
Um pouco mais tarde, os meninos comentavam na escola sobre uns romances eróticos, não me lembro exatamente da autora, mas era uma paulista que escrevia textos eróticos, não eram revistas de sacanagem, eram romances eróticos, isso era motivo de comentário entre os rapazes da escola, vi prazer nesse tipo de leitura. O livro dela que mais me pegou foi "A lua escondida", (parece nome de filme de Mizoguchi, mas é uma história de paixão sexual entre um professor maduro e uma aluna adolescente). (O livro citado é de Cassandra Rios)

Lá pelos meus 15 anos, vi, no quarto da minha mãe, um livro que me encantou: “O jovem audaz no trapézio voador”,  de Willian Saroyan. Esse livro abriu minha percepção para a modernidade, ele tinha, pra mim, muita novidade, depois disso eu pude reconhecer, por exemplo, em João Gilberto, o que entendia sobre moderno.

Um autor de quem gosto muito e não citei é Joseph Conrad. Nem tanto pelo "Coração das trevas", que é bonito e tal, mas não me interessa tanto. Gosto mais de "Linha de sombra" e "Lord Jim". Mas o melhor mesmo, o que me faz pensar nele como um autor entre os preferidos, é "Under Western Eyes" ("Sob os olhos do Ocidente"). Aí ele faz um Dostoiévski virar profecia de que a Rússia faria uma revolução (foi escrito uns 7 anos antes do Outubro) apenas para manter a forma de poder autocrático que conhecia sob o Czar.



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