“Willian Saroyan abriu minha percepção para a modernidade”
Caetano Veloso
(compositor, escritor, cineasta...)
Lembro-me das palavras enquanto
eu aprendia a ler, quanto à leitura de livros, isso veio mais tarde, lá pelos
12, 13 anos.
Minha mãe lia bastante, meu pai
veio de um meio letrado, seus amigos, quando nos visitavam, mantinham conversas
inteligentes...lembro-me de recitarem poemas, mas depois meu pai deixou de ser
um leitor, não se preocupou em manter uma biblioteca própria, eu me lembro que tinha
este desejo: ter uma biblioteca própria, com aquelas estantes repletas de
livros. Santo Amaro não tinha livraria, isso é uma coisa das cidades
brasileiras... lá tinha uma biblioteca pública, de onde eu pegava alguns
livros, “Don Quixote” foi um deles, com aquelas ilustrações. Me lembro de aos
12, 13 anos ter lido Monteiro Lobato, e gostava muito, achava engraçado, “Chave
do Tamanho” me chamou muito a atenção, lá tinha um pouco da história do mundo,
Hitler, coisas de guerra, enfim...
Um pouco mais
tarde, os meninos comentavam na escola sobre uns romances eróticos, não me lembro
exatamente da autora, mas era uma paulista que escrevia textos eróticos, não
eram revistas de sacanagem, eram romances eróticos, isso era motivo de
comentário entre os rapazes da escola, vi prazer nesse tipo de leitura. O livro dela que
mais me pegou foi "A lua escondida", (parece nome
de filme de Mizoguchi, mas é uma história de paixão sexual entre um professor
maduro e uma aluna adolescente). (O livro citado é de Cassandra Rios)
Lá pelos meus 15 anos, vi, no
quarto da minha mãe, um livro que me encantou: “O jovem audaz no trapézio
voador”, de Willian Saroyan. Esse livro
abriu minha percepção para a modernidade, ele tinha, pra mim, muita novidade, depois
disso eu pude reconhecer, por exemplo, em João Gilberto, o que entendia sobre
moderno.
Um autor de quem
gosto muito e não citei é Joseph Conrad. Nem tanto pelo "Coração das
trevas", que é bonito e tal, mas não me interessa tanto. Gosto mais de
"Linha de sombra" e "Lord Jim". Mas o melhor mesmo, o que
me faz pensar nele como um autor entre os preferidos, é "Under Western
Eyes" ("Sob os olhos do Ocidente"). Aí ele faz um Dostoiévski
virar profecia de que a Rússia faria uma revolução (foi escrito uns 7 anos
antes do Outubro) apenas para manter a forma de poder autocrático que conhecia
sob o Czar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário