SERGIO CABRAL

SERGIO CABRAL

quinta-feira, 12 de março de 2015

A leitura começa quando termino o livro


 

Carlos Fernando Gomes Galvão de Queirós

Professor de Geografia

 

 Minhas primeiras lembranças de leitura são alguns livros da coleção “Tesouros da Juventude”, que meu pai tinha em casa, por volta... talvez... dos... 10 anos. Depois disso, e dos gibis, que sempre gostei, o livro “O mistério do cinco estrelas”, de Marcos Rey, e o livro “Oitava série C”, de Odette de Barros Mott. Além disso, “Dom Casmurro”, de Machado de Assis (é, por incrível que possa parecer, talvez, já gostava de Machado na adolescência).
Algumas histórias ficaram na minha vida, além das acima mencionadas, acrescentaria ainda as do livro “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, “O retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde, “Capitão de Longo Curso”, de Jorge Amado e “O processo”, de Franz Kafka (o qual, diga-se de passagem, estou a reler, neste momento).
 Os autores que relatei até aqui e acrescento alguns russos, como Korolenko, Lermontov, Tolstoi e Tchekhov. Isso para não mencionar Karl Marx, Jean Paul Sartre e Umberto Eco; Carl Sagan, com “Cosmos”...; Vinícius de Moraes e Millôr Fernandes.
Na minha formação como leitor, antes da escola, teve a família, absolutamente essencial, que me incentivaria a ler, independente da escola. Mas na escola, foi importante ter tido professores que perceberam que não adiantava passar para a garotada livros mais densos, que só a vivência faz gostar, passando pra gente ler livros como que mencionei “O mistério do cinco estrelas”, mais “leves” e ainda assim, acho, bem escritos.
 Nélida Piñon disse, certa vez, que escrever liberta; digo que ler, também. Ler é fazer uma viagem para dentro de si mesmo, é se conhecer, a partir das experiências dos personagens do livro, do conto, da poesia, do artigo jornalístico, não importa. Costumo dizer que a leitura começa quando termino o livro, porque aí é que vou “ruminar” o que li. Então, o meu modo de vida é diretamente influenciado pelo que leio. E sim, claro, pelo dito, a leitura influi em minhas escolhas de vida.
O ato de leitura é revolucionário
 A leitura abre os horizontes mentais e do coração e isso faz toda diferença na orientação dos caminhos de vida das pessoas.
Gutemberg foi eleito o homem do milênio, se não me engano, e isso já diz muita coisa. Pra mim, o ato de leitura é revolucionário porque altera, ou pode alterar, profundamente, o que sinto, o que penso, o que sou. Então, a primeira revolução é pessoal. Esta, se puder ser somada a certa tomada de consciência crítica dos cidadãos (viva Marx! – risos), pode, é claro, ser um ato socialmente transformador, na medida em que as pessoas vão se informando e, ao refletir, se (re)formando.
Penso que até mesmo bula de remédio pode ser útil (risos), mas auto-ajuda, e suas platitudes, realmente, é algo que não recomendo. E de um modo em geral, livros que preguem ideias como racismo ou autoritarismo também não recomendo.
Ler (e o cinema) é viver onde, como, quando, com quem você deseja.
 
Leio poesia, romance e astronomia. Além de filosofia e política. Gosto muito de uma passagem que diz “Menos importa o que fizeram ao Homem; mais importa o que ele faz do que fizeram dele”, Jean Paul Sartre. Ler (e o cinema) é viver onde, como, quando, com quem você deseja.
 

2 comentários:

  1. Muito bom, Fernando.
    Essa ideia da Memoria da Palavra é sensacional!
    Sempre sua fã!
    beijos

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